Sinopse
A polémica relação entre a prática jornalística e a literária é uma senhora já idosa, afirma-se neste livro que tenta perceber o que motiva os jornalistas a serem escritores e quais os resultados da coexistência dos dois ofícios.
De casos conhecidos no panorama internacional, como Hemingway, Gabriel García Márquez, Oriana Fallaci ou Pérez-Reverte aos recentes exemplos nacionais de Catarina Fonseca, Joel Neto, Francisco Duarte Mangas ou Domingos Amaral, passando pelos consagrados Baptista-Bastos, Manuel António Pina, Maria Teresa Horta ou Urbano Tavares Rodrigues, entre muitos outros, o livro dá a conhecer as posições daqueles que, simultaneamente ou em momentos distintos, marcam ou marcaram presença no jornalismo e na literatura.
Ao longo de mais de uma dezena de capítulos, é possível ler sobre a reportagem e a crónica, os livros-reportagem, o ensino do jornalismo, os cursos de escrita criativa, o new journalism, os suplementos literários, o espaço da crítica e do folhetim, entre diversos outros temas.
Em Portugal, a leitura deste ensaio é sugerida em diversos cursos universitários, o mesmo sucedendo no ensino superior do Brasil. Aliás, entre os autores brasileiros mencionados neste ensaio figuram João do Rio, Jorge Amado, Rachel de Queiroz ou Machado de Assis.
O livro é prefaciado por Baptista-Bastos, autor distinguido tanto pela sua carreira jornalística como pela literária.
Opiniões
“No seu todo o livro é interessante, inteligentemente planeado e levado a cabo através de diligentes leituras e contactos directos. Um livro muito bem conseguido e bem escrito, que percorre vastas áreas de documentação e análise e nos leva a reflectir sobre muitas noções que nos parecem óbvias e são, afinal, bem mais complexas.”
Urbano Tavares Rodrigues,
in Jornal de Letras, Artes e Ideias, nº 842
(de 8 a 21 de Janeiro de 2003)
“O ensaio de Helena de Sousa Freitas pode abrir outras perspectivas ao estudo e análise do jornalismo. Vale a pena segui-la nesta aventura.”
Baptista-Bastos,
no prefácio ao livro
“Jornalismo e Literatura: Inimigos ou Amantes? constitui sem dúvida um desafio, quer para jornalistas e escritores, quer para os leitores que se interessam pelo fenómeno da criação. Uma útil e oportuna novidade na nossa literatura ensaística.”
Mário Ventura Henriques,
na apresentação em Setúbal
“Um livro imprescindível e que recomendo vivamente aos jovens, sobretudo àqueles que pensam fazer da Comunicação Social o seu futuro. Uma obra que se tornará, a breve trecho, de referência.”
José Carlos Vilhena Mesquita,
na apresentação em Faro
“Um livro interessantíssimo e desinquietador, que lança um desafio permanente e estimula o debate. Uma pedrada no charco.”
José Viale Moutinho,
na apresentação na Póvoa de Varzim
“Nesta obra encontrei muito pensamento e muita matéria para pensar. A preocupação de Helena de Sousa Freitas em dar voz ao maior número de pontos de vista é, mais do que um gesto de nobreza, uma expressão de honestidade intelectual.”
Manuel António Pina,
na apresentação no Porto
“Uma boa recolha de ideias, um bom índice remissivo de nomes e, no fundo, um excelente começo nos livros.”
Joel Neto,
escritor e jornalista
“Um bom trabalho: sistematizado, coerente, bem escrito, abrindo portas para vários eixos de análise.”
Carla Maia de Almeida,
escritora e jornalista
“Um livro que fala de paixão e onde se podem encontrar vários mestres. Um trabalho excelente, uma obra da melhor qualidade. A autora será sempre bem-vinda ao nosso meio académico.”
José Luís Lira,
membro da Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil
“Além do lado didáctico da obra, a autora cria algo histórico e informativo. Trata-se de uma obra de profundidade, de inteligência e de alta instrução. Um livro que será importante tanto num curso de Letras como num de Comunicação; um trabalho que tanto servirá ao Jornalismo como à Literatura.”
Cid Sabóia de Carvalho,
na apresentação em Fortaleza
“Um livro com a grande virtude de fazer um apanhado bastante completo sobre a relação jornalismo-literatura e os seus protagonistas. Particularmente criativo o capítulo que propõe uma relação entre o texto jornalístico e o poético. Aí, além do levantamento, são muito interessantes as discussões sobre as duas linguagens.”
João Gabriel de Lima
jornalista e escritor
De trabalho académico a livro
Em 1996, quando me iniciei no jornalismo profissional, recolhi, quase por casualidade, duas opiniões diferentes de dois editores da imprensa escrita acerca de como escrever uma notícia.
Um defendia que a notícia devia ser pensada, a nível técnico, para prender o leitor “como se fosse um pequeno romance”, enquanto o outro argumentava asperamente contra “os recém-licenciados [em jornalismo] que julgam a escrita para um jornal como uma forma de praticar literatura”.
No ano de 1998, no âmbito do curso de Comunicação Social, tive oportunidade de levar mais longe a minha curiosidade sobre o tema e pesquisar com método, notando então a escassez de publicações nacionais sobre a relação entre a escrita jornalística e a escrita literária. Isto apesar de nas entrevistas a jornalistas-escritores raramente faltar uma pergunta sobre o assunto.
Assim nasceu Jornalistas: Contadores de ‘Estórias’, trabalho académico sobre as relações nem sempre fáceis entre o Jornalismo e a Literatura, que se debruçava já sobre dez dos treze subtemas que constituem Jornalismo e Literatura: Inimigos ou Amantes? e aos quais se juntaram: Jovens Jornalistas-Escritores em Portugal: Alguns casos ilustrativos; Livros-reportagem: Pai – jornalismo, mãe – literatura?; e O Folhetim: O lugar da literatura nos jornais do passado.
Entretanto – porque passaram quatro anos entre a execução do trabalho académico e a proposta da editora Peregrinação Publications para editar o livro – os dez capítulos anteriormente edificados já solicitavam ‘obras’ de reestruturação e actualização.
Como depois de apresentar o trabalho continuei a pesquisar sobre o assunto, recolhi material novo e importante, que de modo algum podia ficar por incluir. Todo este processo levou mais de nove meses de trabalho, sempre em regime de part-time, uma vez que mantive o meu emprego de jornalista.
Do primeiro estudo, reciclei os alicerces (ideias), o esqueleto (esquema organizacional dos capítulos) e muitos dos recursos usados (bibliografia). Quando olho para trás, creio que foi um pouco como investir numa casa velha mas de traça original para, com gosto, a recuperar para o presente.
Espero que, como qualquer moradia de dedicada construção, deste livro se mantenham os pilares de sustentação (linhas mestras) mesmo quando o passar do tempo indicar que a mobília (textos) está a ganhar pó e que há novas tintas (outras opiniões e discursos) para mudar a cor das paredes.